A flor que és, não a que dás, eu quero

Ad juvenem rosam offerentem

 

A flor que és, não a que dás, eu quero.

Porque me negas o que te não peço?

Tão curto tempo é a mais longa vida,

E a juventude nela!

 

Flor vives, vã; porque te flor não cumpres?

Se te sorver esquivo o infausto abismo,

Perene velarás, absurda sombra,

O que não dou buscando.

 

Na oculta margem onde os lírios frios

Da infera leiva crescem, e a corrente

Monótona, não sabe onde é o dia,

Sussurro gemebundo.

 

 

Fernando Pessoa* (1888-1935)

* 21-10-1923

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1994.  – 12a.

1ª publ. in Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor). Lisboa: Ática, 1946

http://arquivopessoa.net/textos/3480

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